Tudo sobre o dízimo

Dízimo

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O MANDAMENTO DO DÍZIMO

O primeiro mandamento bíblico do dízimo, que a rigor nem pode ser chamado de mandamento, só aparece em Levítico 27. 
Preste atenção nisto: quando eu digo que não pode ser chamado de mandamento, é porque Moisés está simplesmente comunicando um fato ao povo, nestes termos: 
Também todas as dízimas da terra (não se esqueça leitor, terra aqui se refere à terra de Canaã), tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor. 

...No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor. 

É como se Moisés estivesse dizendo: O Senhor vai lhes dar a posse da terra de Canaã, mas as dízimas, não! Estas pertencem a ele! 

E em seguida, o livro de Levítico é encerrado com estas solenes palavras: São estes os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai. (Para os filhos de Israel, e não para a Igreja, ok?). 

Que fique este detalhe definitivamente bem claro para nós!Entenderemos ainda, porque as dízimas eram somente daquela terra e não poderia vir de outra. Como já vimos, a terra de Canaã, era a terra que Deus prometeu aos antepassados dos israelitas. 

Aquela terra era do Senhor, as colheitas viriam como providência do Senhor para sustento dos israelitas, e por isso as dízimas do que colheriam naquela terra, eram santas ao Senhor. Entende agora por que não está se referindo a terra de São Paulo, Rio de Janeiro ou outro lugar?

Tudo o que vem depois, relacionado ao dízimo, são as instruções do que fazer com ele: 
Quando dizimar, o quê dizimar, onde entregar e comer o dízimo, quem pode ou não pode comê-lo, como distribuí-lo.

Agora vamos raciocinar: Se esse mandamento do dízimo no capítulo 27 de Levítico é adotado também para a Igreja, parece-me lógico concluir que tudo que foi ordenado nos capítulos anteriores também deve ser, senão sairíamos do contexto, lembra do que citei no início, de texto fora do contexto? 

Há pregadores que doutrinam seus seguidores a não comerem certos animais, porque são imundos ou impuros (os animais, não os seguidores!), com base nos preceitos do capítulo 11, mas nada ensinam sobre a purificação da mulher após o parto, como está disciplinado no capítulo 12. Todavia esse ritual de purificação estava também em vigência nos dias do Senhor Jesus, tanto que sua mãe, Maria, o praticou (Lucas 2). Observou? 

Tira-se um ensino do capítulo 11, pulam-se os demais capítulos e lança-se mão do capítulo 27. Ou então, tira-se um ensino do capítulo 27, e desprezam-se os demais. Por que será? 

Será porque o dízimo traz “segurança” e “vantagens” significantes e imediatas em relação aos outros mandamentos? 

Ora, nem precisa responder essa questão!

Com certeza há um mestre por trás de toda essa manipulação, que sabe muito bem o que está fazendo, muito interessado no resultado disso tudo, que também nem preciso responder quem seria!

A próxima menção ao dízimo está em Números 18, e tem também apenas caráter comunicante. 
Veja: Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação. (Em Israel, e não na Igreja). 

E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação, e responderão por suas faltas: estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. 

Porque o dízimo dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, deu-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.

Vamos descobrir porque os filhos de Levi (os levitas) foram escolhidos, e descobrir também porque o dízimo foi dado a eles.
Os LevitasPor que Deus escolheu os levitas? Antes de buscar a resposta, esclareço: Levitas eram os descendentes de Levi, terceiro filho de Jacó e Lia. Nessa busca vislumbrei três possíveis respostas.

Primeira. Foi puramente por sua vontade e soberania. Afinal, como Senhor de tudo e de todos, ele escolhe quem ele quer.

Segunda. Foi uma homenagem prestada aos ousados levitas, Moisés e Arão, que enfrentaram a corte e os deuses egípcios (Êxodo 5, 12), para libertar o povo hebreu.

Terceira. Foi porque os levitas eram bons de briga (Gênesis 34; Êxodo 32), e ganharam esse privilégio ao fio da espada.
Posso estar errado, mas fico com essa última.

Vamos aos fatos:
O povo estava no sopé do fumegante monte Sinai, e Moisés, lá em cima. Demorando Moisés a descer, aquele povo ficou desvalido, confuso, indefeso e temeroso, como crianças abandonadas no meio do nada, acostumados com os deuses egípcios, desesperaram-se e resolveram fazer um deusinho para si, que pudesse socorrê-los em caso de perigo. 

Não vemos por aí, em pleno século vinte e um, todo dia, gente assim: “muito religiosa”, “muito evangelizada”, mas sem o conhecimento da plena verdade evangélica, se agarrando também a uma imagem, a um crucifixo, a um rosário, a uma medalhinha, a um pé de coelho, a um ramo de arruda, a um punhado de terra do Sinai, ao sal grosso, à água do Jordão, a uma rosa branca ou amarela, ou a um manto, um lenço, etc... para socorrê-la na hora do perigo?

Pegaram então o ouro das orelhas das mulheres, dos filhos (desde aquele tempo os rapazes já gostavam de usar brinquinho), e das filhas, entregaram a Arão e ele fez um bezerro. 

No dia seguinte, o povo madrugou para o culto, assentou-se para comer e beber, e se levantou para se divertir e de tamborins na mão, tocou a dançar. Moisés ficou sabendo e desceu depressa com as duas tábuas do testemunho, ou seja, com os dez mandamentos, que Deus acabara de escrever com o seu dedo. 

E seu secretário particular, Josué, disse para ele: Há alarido de guerra no arraial. E Moisés replicou: Que nada, é alarido de festa. E quando viu aquele deusinho de ouro, ficou possuído de ira santa e arremessou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte.

Em seguida, vendo Moisés a orgia e a perversão daquele povo, gritou: Quem é do Senhor venha até mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi. E Moisés concitou-os: Consagrai-vos hoje ao Senhor: cada um contra o seu filho, e contra o seu irmão; para que ele vos conceda hoje uma bênção. 

Então os levitas mataram do povo naquele dia uns três mil homens, e conseguiram a bênção prometida por Moisés (Êxodo 32). 

Que bênção seria essa?

Vamos à escolha. (Agora, já faz mais de um ano que Israel saiu do Egito). 
Eis que tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel: e os levitas serão meus (Números 3). 

E Deus fez uma permuta com Israel: deu os primogênitos, que ele havia consagrado a si (22.273) (Êxodo 13) em troca dos levitas (22.000). E como havia mais primogênitos do que levitas, os israelitas tiveram que dar o troco em dinheiro. Feitos os cálculos, pagaram 1.365 siclos (Números 3). 

Os levitas ganharam essa bênção, mas perderam outra: não receberiam herança na terra de Canaã; a sua herança seria o Senhor (Deuteronômio 18). 

Mas em compensação receberiam os dízimos das lavouras e do gado, do restante do povo (Números 18). E como era muito dízimo, podia ser distribuído aos órfãos, às viúvas e até aos estrangeiros, pelos próprios dizimistas, como veremos nos itens seguintes. 

Um esclarecimento:
Se os levitas não iam receber herança na terra de Canaã, onde morariam? 

Bem, seriam destinadas a eles quarenta e oito cidades, das quais seis, seriam cidades de refúgio, para acolhimento do homicida que matasse alguém involuntariamente. 

As demais tribos teriam que lhes fazer essa doação, proporcional ao número de cidades que tocasse a cada uma delas. Além disso, os arredores dessas cidades, de mil côvados ao redor, seriam para o gado, para os rebanhos e para todos os animais dos levitas. Isso significava que os levitas tinham ao redor de cada cidade uma grande área de terra para o gado, para os rebanhos e para todos os seus animais (Números 35).

A proposta de Deus era de que Israel seria um reino de sacerdotes (Êxodo 19). Mas por causa da prevaricação do povo no episódio do bezerro de ouro, enquanto os Levitas ganhavam uma bênção, Israel perdeu a sua, e nunca mais os filhos de Israel chegariam à tenda da congregação. Isso se tornara agora obrigação e privilégio exclusivo dos levitas, e somente para os do sexo masculino (Números 1, 3, 18).


Uma PAUSA para reflexão: 

Algo assustador me veio à memória agora. Quem me garante que este episódio do bezerro de ouro, não seria sombra do que está acontecendo hoje? Pessoas impacientes, sem entender os propósitos de Deus, estão arrancando seus “pendentes” e oferecendo na construção de um “deu$” de ouro, chamado mamon, para ajudá-los nesses tempos difíceis. Seria mais conveniente e mais fácil do que esperar e depender daquele Deus de Moisés, “que demora muito” exigindo perseverança, um Deus que não conseguimos ver, exigindo fé e que também não podemos tocá-lo, e por assim dizer, impossível depender somente dEle. Mamon de nossos dias, não é um bezerro de ouro visível como aquele, daria muito na cara, aquele é apenas sombra deste, além disso, o objetivo daquele não deixa de ser o mesmo deste, priorizar o material. Aquele foi fácil quebrá-lo, talvez pelo pouco tempo de poderio, mas este tem resistido pelo maior tempo de domínio e por incluir valores inegáveis, infiltrado nos corações dos pobres adoradores que sem perceber, rejeitam a soberania de um Deus que os escolheu como propriedade exclusiva. Como ficará claro no decorrer deste estudo que a manipulação na arrecadação desses “pendentes” tem mais nos afastado do que nos aproximado de Deus e esta só acontece porque do outro lado, algumas “marionetes” estão satisfazendo a vontade desses manipuladore$ interessado$. 

Se não acordarmos a tempo, também perderemos o direito de raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus... , como procura nos assegurar a Palavra de Deus (I Pedro 2).


Continuando:

E os levitas não somente serviam no templo como ajudantes dos sacerdotes e no tempo do rei Salomão, como cantores, mas também serviram como guardas, no reinado de Joás. E não era de brincadeira não. 

Veja essas instruções que lhes foram dadas pelo sacerdote Joiada: Esta é a obra que haveis de fazer: uma terça parte de vós sacerdotes e levitas, que entrais no sábado, servirá de guardas da porta;... 

Porém ninguém entre na casa do Senhor, senão os sacerdotes e os levitas que ministram; mas todo o povo guardará o preceito do senhor. Os levitas rodearão o rei, cada um de armas na mão, e qualquer que entrar na casa, seja morto; estareis com o rei quando entrar e quando sair. (II Crônicas 23)

Hoje não precisamos mais de levitas. Estão dispensados. O seu ofício cessou. O véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mateus 27), e cada crente pode chegar agora com confiança junto ao trono da graça, a fim de receber misericórdia e achar graça para socorro em ocasião oportuna (Hebreus 4), pois somos raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus... , como nos assegura o apóstolo Pedro (I Pedro 2).

Ora, se o dízimo era para ser entregue aos levitas, e a Igreja não tem levitas, não há nem mais os sacerdotes a quem os levitas entregavam o dízimo dos dízimos que lhes tocariam. 

Qualquer outra explicação que se dê a isso é balela, arranjo, invencionice. Não tem fundamento bíblico, e, portanto, não tem valor!

Bom, os levitas foram dados aos sacerdotes, para servi-los (Números 3, ISamuel 2, ICrônicas 23). Os sacerdotes não recebiam dízimos diretamente do dizimista. Recebiam o dízimo dos dízimos dos levitas. 

Não do estrangeiro, nem dos órfãos, nem das viúvas, pois esses não tinham obrigação de dizimar (Números 18, Neemias 10).


Quando, o quê, onde, quem, como?

Deuteronômio é um livro que pode ser considerado como a regulamentação da lei; ou, como diz o próprio livro, a explicação da lei (capítulo 1º). Para facilitar a leitura e a compreensão, algumas edições da Bíblia dividem esse livro em quatro discursos. 

O primeiro discurso de Moisés nos capítulos 1º ao 4º; o segundo discurso, nos capítulos 4º ao 26; o terceiro discurso nos capítulos 27 e 28; e o quarto discurso, nos capítulos 29 a 33.

Quando?
No primeiro discurso, Moisés conta a história de Israel, porque muitos daquela geração saíram crianças do Egito, outros nasceram no deserto e não sabiam de muitos fatos que haviam acontecido. 

No segundo discurso, Moisés conta a história da legislação, repetindo os dez mandamentos e outras leis, e explica como deveriam ser observados. 

No terceiro discurso, Moisés e os anciãos deram ordem ao povo para guardar os mandamentos quando passassem o Jordão, sob pena de ficarem sujeitos às maldições, solenemente proclamadas no monte Ebal. 

Já no quarto discurso, Deus faz nova aliança com o povo, além da que fizera no monte Horebe (Sinai). Era exatamente quando entrassem na terra (o que ia acontecer em breve), que deveriam observar os preceitos, entre os quais estavam os relativos ao dízimo: São estes os estatutos e os juízos que cuidareis de cumprir na terra que vos deu o Senhor, Deus de vossos pais, para a possuirdes todos os dias que viverdes sobre a terra (Deuteronômio 12). 

Essa condição é repetida dezenas de vezes no livro de Deuteronômio.

O quê?
O quê os israelitas deveriam dizimar? 
A gleba de terra que cada família de sem terras recebesse não seria dizimada. 
Essa família NÃO ia pegar um pedaço da terra recebida e entregar a quem devesse receber o dízimo: levitas, estrangeiro, órfãos e viúvas. 

Não encontrei nenhuma instrução sobre dizimar qualquer coisa que não fosse o fruto da terra e o rebanho. 

Como já descrevi, não encontrei nem no Velho Testamento nem no Novo nenhuma menção a dízimo de salários ou de outra fonte, que não fosse do fruto da terra (da terra de Canaã, ok?) e do rebanho, que era criado sobre ela. 

Só há uma exceção. Os levitas deviam entregar aos sacerdotes (também descendentes de Levi) os dízimos dos dízimos que recebessem dos seus irmãos israelitas. 

O preceito é claro: Também todas as dízimas da terra (não se esqueça que a terra aqui se refere à terra de Canaã), tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor. 

No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor (Levítico 27). 

Não encontrei também a obrigação de dizimar, imposta a quem não fosse detentor da posse da terra. 

Haja vista que o estrangeiro, que certamente trabalhava e tinha seus rendimentos, não estava sujeito a dizimar nada. Muito pelo contrário, era beneficiado pelo dízimo, pois o dizimista tinha a obrigação de lhe entregar parte do dízimo consagrado a Deus.

Onde?
Dentre os diversos preceitos relativos ao dízimo, havia aquele que determinava onde o dizimista deveria entregá-lo e comê-lo. 

Isso ficou expressamente esclarecido: Mas buscareis o lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para lá pôr o seu nome, e sua habitação; e para lá ireis.
A esse lugar fareis chegar os vossos... dízimos; Nas tuas cidades não poderás comer o dízimo do teu cereal, nem do teu vinho, nem do teu azeite...; 

Certamente darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo. E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias. (Deuteronômio 12, 14).

Essas expressões são muito fortes: darás os dízimos... comerás os dízimos... para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus... Veja que os levitas, o estrangeiro, o órfão e a viúva, beneficiários dos dízimos - podiam comê-los em qualquer lugar (Deuteronômio 26).

Vemos, pois, que o dizimista não somente podia comer o dízimo e administrá-lo, mas tinha de fazê-lo. Ou seja, tinha de comê-lo e tinha a obrigação de administrá-lo também.

O dízimo está intimamente vinculado à posse da terra. 
Os judeus somente estariam obrigados a dizimar, quando tivessem a posse da terra, e somente do fruto da terra, incluindo o rebanho. 

Na sua caminhada de quarenta anos pelo deserto, nada lhe foi exigido; mas quando entrasse na terra de Canaã.

Quero lhe indicar um texto bem lá na frente, Neemias 10, muito esclarecedor do que acabo de afirmar: ...os dízimos da nossa terra aos levitas, pois a eles cumpre receber os dízimos em todas as cidades onde há lavoura.

Quem?
No capítulo 26, descobrimos que esse quem, envolvia o dizimista e os que deveriam receber os dízimos: os levitas, o estrangeiro, os órfãos e as viúvas. 

Esses últimos, como já disse, estavam autorizados a comer o dízimo em todo lugar, e sem a necessidade de praticar o cerimonial de se purificar. 

O dizimista, não, somente podia comer o dízimo estando puro e no lugar predeterminado por Deus. (Números 18, Deuteronômio 26).

Uma perguntinha pertinente, mas perturbadora: 

Alguma vez você foi instruído a comer o dízimo, ou a distribuí-lo com o estrangeiro, com os órfãos ou com as viúvas, como está ordenado na Bíblia ao dizimista fazer?

Se não, você está sendo enganado! 
Mostraram-lhe Malaquias 3, mas esconderam Deuteronômio 14 e 26. Ora, se em relação ao dízimo, Malaquias 3 aceitamos sem maiores problemas, penso que Deuteronômio 14 e 26 também deveríamos aceitar. 
Você não acha?

Como?
Ao dizimista competia levar o dízimo ao lugar escolhido por Deus, comê-lo e distribuí-lo. Mas como fazer?

Na dificuldade para levar uma grande quantidade a um lugar distante, ao que Deus escolhera, podia vendê-lo, transformando-o em dinheiro, e depois quando lá chegasse, comprar outras coisas para pôr no lugar das que vendera. Isso também está disciplinado nos capítulos 14 e 26 de Deuteronômio.

Viu? Comer o dízimo não era nenhum ato de profanação de coisa sagrada, como alguns pregadores andam dizendo (e escrevendo) por aí. 

Muito pelo contrário. Era ato de estrita obediência ao preceito de Deus! Bom, aqui fica claro que ele podia e tinha de comer. 

Mas poderia administrá-lo? 

Vou transcrever mais um texto que foi dito aos dizimistas: Quando acabares de separar todos os dízimos da tua messe no ano terceiro, que é o dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas cidades, e se fartem (Deuteronômio 26). 

Viu? Nesse ano, o terceiro, o próprio dizimista distribuía o dízimo do que ele havia colhido, dando-o ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, nas cidades deles. 

Apenas a parte que tocara ao dizimista era levada ao lugar que Deus escolhera. A outra parte era distribuída pelo dizimista. Ele estava administrando, em obediência ao preceito de Deus.

Veja e compare o grau de sagração do dízimo e da páscoa. Observe que até o estrangeiro, (aquele que não era descendente de Jacó), tinha o direito de comer o dízimo, em qualquer lugar. 

Mas se quisesse comer a páscoa, tinha de observar primeiramente o ritual da circuncisão, pois do contrário não podia comê-la (Êxodo 12). No tempo presente, já ouviu alguma vez o dizimista ser orientado a comer o dízimo? 

Eu sei que surgirão muitas explicações.
Dirão alguns cobradores de dízimo: Na atualidade, o dizimista entrega o dízimo em dinheiro na igreja e se alimenta da palavra. 

Materializa-se o dízimo e espiritualiza-se o alimento. Invertendo os valores. Se um é materializado, por que o outro não?
Se um é espiritualizado, por que o outro não?

Na Bíblia, o dizimista comia literalmente o dízimo, digeria o dízimo comido e, desculpe a franqueza, defecava o dízimo que comera e digerira! 

Não se tratava de palavras ou de ensinamentos recebidos. Era comida mesmo: produtos da terra e animais! Como diríamos hoje: arroz, feijão e carne!

Havia uma restrição: o dizimista não podia comer o dízimo em casa, somente no lugar determinado por Deus, ou seja, no templo, no lugar de adoração (Deuteronômio 12). 

O levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva podiam comê-lo na sua cidade (Deuteronômio 26). 

Sabe por que o dizimista não podia comer o dízimo em casa ou em sua cidade, ou em outro lugar que não fosse no templo? Porque o seu dízimo fazia parte do culto, e o culto doméstico era proibido, para não haver confusão com o culto prestado aos deuses dos pagãos, tão abundantes naqueles tempos (Deuteronômio 12).

A Forma do dízimo Diante do exposto, entendendo o que já foi esclarecido, fica agora mais fácil a compreensão do assunto que estamos tratando. 

O dízimo no Velho Testamento, conforme iremos analisar na Bíblia, era limitado aos alimentos produzidos pelos agricultores e pecuaristas. Na Bíblia a palavra “dízimo” nunca aparece isolada, mas sempre como “dízimo do alimento”. 

O dízimo bíblico era sempre estritamente definido e limitado pelo próprio Deus. Os legítimos dízimos bíblicos, portanto, eram:
1. Somente taxados sobre os alimentos; 
2. Somente sobre as fazendas e os rebanhos; 
3. Somente dos israelitas; 
4. Somente de quem morava na Terra Santa, dentro das fronteiras nacionais de Israel; 
5. Somente vigorando nos termos do Antigo Pacto; 6. Somente podendo receber aumento da mão de Deus.
Desse modo, 
1. Itens não alimentícios não podiam ser dizimados; 
2. Animais caçados e peixes não podiam ser dizimados; 
3. Quem não fosse israelita não podia dizimar; 
4. Alimentos que viessem de fora da Terra Santa não podiam ser dizimados; 
5. Os dízimos legítimos não podiam acontecer, caso não existisse um sacerdócio levítico; 
6. Os dízimos não podiam vir de coisa alguma feita pela mão do homem, como adquirido em caça ou pescado nas águas.

Quando se usa a expressão ”dizimar tudo”, conforme Levítico 27:30, precisa ser levado em conta que esse tudo se referia:

1. Da terra e do rebanho (Levítico 27:30,32); 
2. Do grão e do vinho (Números 18:27,28); 
3. Do grão, vinho e óleo (Deuteronômio 12:17; 14:23; Neemias 13:5); 
4. Do aumento da sementeira (Deuteronômio 14:22); 
5. Do solo (Neemias 10:37); 
6. Do alimento (Malaquias 3:10 e Mateus 23:23).

Vou lhe contar um segredinho: procurei neste estudo no Velho Testamento, e no Novo Testamento também, com redobrada atenção, em busca da verdade, mas procurando especificamente uma coisa: pelo menos uma menção do dízimo em dinheiro. E nada encontrei. 

Nem tampouco a obrigação de um carpinteiro, comerciante, copeiro, empregado, empresário, ferreiro, médico, padeiro, pedreiro, soldado, tecelão ou de qualquer outro profissional daqueles tempos de pagar/dar/entregar o dízimo do seu salário ou do seu rendimento.

Tudo o que descobri nesta busca foi que o dízimo não era em forma de dinheiro nem baseado no ganho, mas era baseada num sistema agrário (terra), num governo teocrático e numa sociedade agrícola. 

O dízimo somente incidia sobre os frutos ou produtos da terra da promessa, que os israelitas herdaram, ou seja, a terra de Canaã, como supracitado. 

E não pense que naqueles tempos, não houvesse pagamentos em dinheiro de salários e indenizações. Havia sim. Veja estas menções em Êxodo 21 e Levítico 19.

A terra era propriedade oficial do Senhor, com os levitas recebendo os dízimos de Israel, em lugar da terra (Levítico 25:23-24). Os israelitas traziam 1/10 da produção da terra, antes de venderem-na. 

Então o dízimo não era baseado no ganho da colheita... Deus deu os dízimos de Israel aos levitas, por herança, em vez da terra, e este dízimo provinha da terra.

Vou explicar melhor o que isso quer dizer: Se dois fazendeiros israelita fizessem a colheita de dez cenouras, cada um, ambos seriam obrigados a dizimar uma cenoura. 

Sob o sistema agrário do dízimo, não importava se um deles vendesse as nove cenouras restantes por cinco e o outro por 10 dólares. 

O dízimo da colheita não se relacionava ao ganho, mas à TERRA. Até no Novo Testamento observamos os fariseus dizimando não sobre o lucro ou dinheiro, mas sobre o que eles cultivavam (Lucas 18:12; Mateus 23:23), mostrando que o dízimo era baseado na produção agrária. 

Até onde pude observar, somente em duas ocasiões, o dízimo podia ser transformado em dinheiro.

Uma: Quando o dizimista quisesse resgatar alguma coisa. Ou seja, em vez de entregar a coisa dizimada, propriamente dita, ele a substituía por dinheiro.

Nesse caso, havia uma pena: ele tinha de acrescentar 20% ao preço dela, isto é, um quinto do seu valor (Levítico 27).

Imagine o fato: O judeu, descendente de Jacó, recebeu a posse da terra prometida, plantou, colheu, separou o dízimo, mas quer ficar com uma dessas coisas. Tudo bem, pode. 

O sacerdote avalia esse bem, o dizimista acrescenta 20% sobre o valor dele e entrega o dinheiro. É como se ele estivesse comprando a mesma coisa que ele tinha consagrado como dízimo, com um ágio de 20%, ou um quinto. Compreendeu? Não se tratava de dízimo do dinheiro recebido a título de salário ou lucro.

Duas: Quando ele estivesse longe do lugar que Jeová iria determinar para o culto e para a entrega dos dízimos e das ofertas, e fosse custoso transportar para lá o dízimo consistente em cereal, vinho, azeite, gado. 

Então o dizimista podia vender tudo (inclusive os primogênitos dos animais, que pertenciam a Jeová), e converter tudo isso em dinheiro, comparecer ao templo e lá comprar o que quisesse para substituir o que ele havia vendido (Deuteronômio 14). 

Nesse caso, ele não tinha de acrescentar os 20%. Deu para notar que ele não entregava dízimo em dinheiro a ninguém?Mas como sabemos, há muita gente perita em ajeitar as coisas e deixá-las do jeitinho que quer ou do jeitinho que lhe seja mais conveniente.

Os dízimos aos levitas eram dez por cento das colheitas dos grãos, dos frutos das árvores e da procriação de animais que nasciam no campo em um determinado período. 

ResumindoO dízimo era alimento destinado a suprir as necessidades dos levitas que não tinham parte nem herança na terra prometida. Deuteronômio 14.24-27: E quando o lugar que escolher o Senhor teu Deus para fazer habitar o seu nome, for tão longe que não os possa levar, vende-os e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus e compre tudo o que a tua alma desejar, e come ali perante o Senhor teu Deus, e alegre tu e tua casa. 

Porem, não desamparará ao levita que está dentro das tuas portas e não tem parte e nem herança contigo. 

Considere a profundidade do texto bíblico onde o Senhor evidencia que, se o lugar que escolheu o Senhor teu Deus, para levar o seu dízimo, for tão longe que não os possa levar, Ele instruiu, que o seu dízimo deveria ser vendido, e o dinheiro atado na tua mão, (observe que não é na mão de nenhuma outra pessoa), ir ao lugar que escolheu o Senhor, e comprar o que a tua alma desejar, para ali fazer habitar o nome do Senhor Deus. 

Portando amados, se o dízimo fosse dinheiro, o Senhor não iria mandar vender o que já era espécie.

O dízimo na lei de Moisés nunca foi oferecido da forma como está sendo feito hoje, porque o dízimo foi destinado para suprir as necessidades dos levitas, mas hoje, não há mais a personagem representativa do levita entre nós.

Porem, alguém poderá apontar para Malaquias 3.10 tentando justificar que fora ordenado ao dízimo, ser levado para casa do tesouro. No entanto se meditarmos nos livros de II Crônicas 31.5-12 e Neemias 12.44-47, iremos entender melhor o porquê Malaquias mandou levar o dízimo a casa do tesouro. 
Disse o Senhor: Para que haja mantimento na minha casa. 
E o que é mantimento?   
Aquilo que mantém provisão, sustento, comida, dispêndio, gênero alimentício. 


A síndrome de Malaquias

TRAZEI TODOS OS DÍZIMOS PARA A CASA DO TESOURO
Em Malaquias 3.10, o Senhor ordenou levar os dízimos para a casa do tesouro, para que houvesse mantimento na sua casa, doutrinando assim que, guardando os seus preceitos haveria suprimento para as necessidades habituais. 

Porem, no Novo Testamento, o Senhor Jesus assegura que igreja não é prédio, mas nós somos a sua igreja (Efésios 1.22,23). E no livro de Atos 7.48 e 17.24 a Palavra afirma que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. 

É óbvio que não havendo habitante a casa está vazia.

Então perguntamos, sendo nós a igreja de Cristo, e habitando Deus em nossos corações pelo seu Espírito Santo, para onde deveríamos levar os dízimos, ainda que fossem remanescentes na graça?

Para tanto, a Palavra na carta aos Hebreus 10.1 refere-se à lei de Moisés como uma alegoria, ou seja, sombras dos acontecimentos futuros e não a imagem exata das coisas, e nisso vem a revelação sobre a ordenança de levar os dízimos para a casa do tesouro, porque em Hebreus 3.5, 6 diz: Na verdade, Moisés foi fiel em toda sua casa, como servo, para testemunho das coisas que haviam de acontecer. 
Mas Cristo, como Filho sobre a sua própria casa, a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firmes a confiança e a glória da esperança até o fim.

Portanto, nesta Palavra vem a confirmação revelada que nós somos o templo do Espírito Santo de Deus, porque está escrito: Cristo, como Filho sobre a sua própria casa, a qual casa somos nós, observamos em Malaquias 3.17, onde a Palavra descreve: E eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve.

O que observamos na Graça é a preocupação e o zelo do Senhor Jesus para com os desprovidos, descrito no Evangelho de Mateus 6.1-4, onde Ele recomenda auxiliar aos necessitados com caridade, ensina a proceder com discrição para não se assemelhar aos hipócritas das sinagogas, e promete recompensar publicamente os que assim procederem, fazendo o bem em segredo. 

E diferentemente do dízimo, na era da graça o Senhor Jesus não estipulou percentual ou limite para aplicação desse mandamento, o amor ao próximo em forma de caridade.

No capítulo 3 do livro de Malaquias Deus promete bênçãos materiais para os cumpridores da lei, no entanto, é rigoroso quando se refere ao dízimo, por ser a garantia de alimento em abundância aos levitas. 

Pagava-se o dízimo para ser recompensado materialmente, por causa da aliança que Deus tinha com os levitas. Na Graça, Jesus Cristo, em sacrifício vivo, pagou o mais alto preço pela nossa libertação com o seu próprio sangue, para que recebamos a sua paz, a graça e a oferta da vida eterna.

 E, por isso, não precisamos mais pagar o dízimo para garantir as necessidades cotidianas das coisas materiais (alimento, vestes, etc.), porque Jesus priorizou e recomendou-nos as coisas que vem do Alto, a vontade do Pai, buscar primeiramente o Reino de Deus e sua justiça e as estas coisas serão acrescentadas (Mateus 6.25-33).

Porque Ele é quem nos dá a vida, a respiração, e todas as coisas (Atos 17.25).


ROUBARÁ O HOMEM A DEUS?

Malaquias 3.7-9 diz: Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação.

Hoje não se aplica mais essa ordenança aos verdadeiros servos de Cristo. Vivemos pela graça e não mais sob o jugo da lei, por isso na Graça, é impossível o servo roubar a Deus nos dízimos e ofertas. 

Não há mais levitas e sacerdotes, para serem sustentados. Na Graça somos ensinados o buscar as coisas do alto, quando alguém, por falta de entendimento ainda se faz dizimista, está errando por cumprir uma lei abolida pelo sacrifício de Cristo, também não roubam a Deus, aqueles que não dizimam, porque é uma ordenança da lei que por ter sido abolita, tornou-se insignificante na era da graça. 

Mas, se ainda existe alguém com probabilidades de roubar a Deus nos dízimos e nas ofertas, certamente não são os dizimistas, mas os administradores desses montantes, especificamente os dirigentes das instituições religiosas, os quais acumulam para si, fortunas, tiradas do lombo das ovelhas.

E o mais lastimável em tudo isso, os eruditos que fazem a mídia no meio dos evangélicos exumaram uma lei extinta, a maquiaram e adaptaram-na ao sacrifício do Cordeiro Deus, em benefício próprio. 

Então perguntamos: Se precisamos voltar às fábulas judaicas, qual o discernimento de doutrina sobre a Palavra do Senhor Jesus (João 13.34), ao pronunciar: Um Novo mandamento vos dou?

A atual situação dos que se dizem crentes, mas sem compromisso com o Evangelho da Graça de Cristo é preocupante, porque a palavra adverte: Ai dos que procedem usando o sangue do Senhor Jesus com malícia e avareza, porque na vinda de Cristo, haverá pranto e ranger de dentes, ou seja, muita dor (Mateus 7.21-23).

Pense comigo:

Se não entregarmos o dízimo, conforme pregam baseado em Malaquias, estaremos roubando a Deus, e consequentemente perderemos nossa salvação por sermos ladrões. De que adianta o sacrifício de Cristo na cruz? 

Persebe como o inimigo procura anular o sacrifício de Cristo, levando o povo a crer que o dízimo é um caminho mais fácil para a salvação?


COMO REPREENDER AO DEVORADOR? 

Malaquias 3.11, descreve: 
E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.

Na vigência da lei de Moisés, a Palavra através do profeta Malaquias advertiu com seriedade os sonegadores do dízimo sobre as conseqüências que haviam de acontecer, ou seja, ficavam indefesos diante da ação do devorador, pela inobservância às ordenanças da lei, relativo ao dízimo.

Mas quando o Senhor Jesus rendeu o seu espírito a Deus na cruz do Calvário, o véu do templo rasgou-se de alto abaixo e a lei foi sucumbida definitivamente (Mateus 27.51). 

Isso significa que, consistindo o dízimo elemento de uma lei ineficaz, torna-se inválido, pois, hoje vivemos pela graça e ninguém precisa pagar mais nada, porque Cristo já pagou o mais alto preço com o seu próprio sangue (Apocalipse 5.9), para salvar o homem do pecado e da morte.

Mesmo assim, ainda é comum alguns lideres religiosos usarem o texto do capítulo 3 de Malaquias, para chantagear as ovelhas que deveriam apascentar, referente ao terrível combate do devorar sobre os que não dizimam, escondendo-se atrás de uma lei abolida, para manter o dízimo em evidência. 

Porem, implantar o dízimo no Novo Testamento é um equívoco absurdo, porque na era da graça, alem de não haver ordenança para o dízimo, também não se repreende mais o devorador pelo cumprimento às leis do Antigo Testamento, porque na carta aos Efésios 6.10-18, a Palavra ensina a nos revestirmos da couraça de Deus para não sermos atingidos pelos dardos inflamáveis do inimigo, independente do cumprimento de qualquer item da lei, porque a nossa luta não é contra a carne e nem o sangue, mas contra as hostes (exércitos) das potestades do mal.

A Palavra da Nova Aliança instrui que a repreensão aos demônios tem que ser em nome do Senhor Jesus (Marcos 16.17, 18 e Lucas 10.17), com jejum e oração (Marcos 9.29), e principalmente através da fé (Mateus 17.19, 20). 

Porque o diabo é inimigo do povo de Deus, e anda ao derredor, bramando feito um leão, buscando a quem possa a tragar (I Pedro 5.8), para tanto, sujeitai-vos a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós (Tiago 4.7).

Portanto, o ensinamento sobre repreender o devorador através do compromisso com o dízimo, oferta ou bens materiais é um engodo, sendo que a Palavra assegura que só seremos revestidos da armadura de Deus, pela oração, jejum, santificação, obediências ao Evangelho de Cristo (I Coríntios 15.1, 2), porque o legado do Senhor Jesus recomenda a guardar os mandamentos de um Novo Testamento, não mais feito por ritual e ordenança material, mas constituído pela aspersão do seu próprio sangue (Mateus 26.27, 28).


CRISTO É O ALIMENTO ESPIRITUAL

A Palavra de Malaquias 3.10 veio em figura e não pode haver cobiça das coisas materiais amparado neste versículo, porque vindo Jesus Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, mas pelo seu próprio sangue , entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção (Hebreus 9.11, 12). 

Por isso, Jesus é o Pão que desceu do céu, não mais para conservação da vida material por um período efêmero, mas por uma causa maior e mais sublime. Ele é o Pão Vivo que veio para nos dar a vida eterna, cuja promessa também de uma nova cidade, a Nova Jerusalém.

Disse Jesus: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. Quem de mim se alimenta, também por mim viverá (João cap. 6). 

E para entendermos melhor a profundeza da palavra do Senhor, vamos meditar no livro de Mateus 26.26-28, chegada a hora de Jesus, e participando com os doze da última páscoa, e a consagração da primeira ceia, enquanto comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice (vinho) e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Jesus elucida através do pão, a oblação do seu corpo rasgado na cruz, e o vinho, o seu sangue para lavar os nossos pecados. 

O nascer de novo pela aspersão do seu sangue, que por muitos foi derramado, para remissão dos pecados e salvação da vida eterna.

As pessoas é que são a Casa de Deus e o Corpo de Cristo. Mesmo com tanta “revelação” grassando, hoje em dia, na igreja, eles não conseguem entender isso e continuam a buscar no Velho Testamento a extinta glória do Templo.

A obra de Cristo e do Corpo de Cristo não se compara aos cofres da igreja e seus edifícios. Ela deve ser compartilhada com as necessidades das PESSOAS, em muitos níveis diferentes, onde quer que estas se encontrem.1 Timóteo 5:8, que diz: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”.

Será que precisamos dar algum bem material a Deus para recebermos a suas bênçãos? Por ventura o nosso Deus é um Deus de barganha? 

No Salmo 50.12 disse o Senhor: Se eu tivesse fome, eu não vos diria, pois meu é o mundo e a sua plenitude...

Observando nossas igrejas, tenho notado que nossos pregadores estão aos pouco se afastando do Novo Testamento que deve ser a nossa MAIOR regra de fé e prática na vida cristã, pela GRAÇA oferecida no sacrifício de Cristo. 

Infelizmente, as maiorias estão se apegando fervorosamente ao Velho Testamento, por dois motivos: 

Primeiro: porque com mediocridade podem usar e abusar das histórias antigas, fantasiando os seus enredos, a seu bel prazer, ora acrescentando, ora tirando, tudo com objetivo único, que não preciso citar, você já sabe!

Segundo: porque podem impor muitas leis do VT aos pobres membros de suas igrejas, para os escravizarem, como por exemplo, usando Malaquias para extorquir o dízimo dos que não conhecem bem a Palavra de Deus.

O dízimo jamais foi dado aos pastores e aos pregadores no tempo de Malaquias. Será que os pastores e os pregadores (atuais) não estariam “roubando a Deus”, recebendo o “dízimo” e em seguida usando-o para um propósito totalmente diferente daquele usado na Antiga Aliança? 

Talvez não! 
Porque esse dízimo exigido hoje, não tem nada em comum com o dízimo bíblico.

O dízimo do Velho Testamento, como quase tudo a que se refere o Livro de Levítico, era “santo” ou “muito santo” ao Senhor.

1. Ele só era “santo” porque provinha do que crescia na Terra Santa, através do povo de Deus na Antiga Aliança. 

2. Era santo por ser um estatuto de adoração cerimonial. 

3. A Igreja do Novo Testamento não habita naquela Terra Santa e rejeita tudo o mais de Levítico, igualmente chamado “santo” ou “muito santo”.

4. A Israel no Velho Testamento era ordenada não compartilhar os seus estatutos com nenhuma outra nação (inclusive a guarda do sábado e o dízimo) (Êxodo 23:32; 34:12,15; Deuteronômio 7:2). 

5. O dízimo não era dado aos profetas nem aos rabinos. Por ser “santíssimo” ele podia ser dado somente aos levitas (Números 18:9; Neemias 10:37). Seu único propósito era o de sustentar os levitas, os quais serviam aos sacerdotes. 

Embora os levitas fossem guardas, cantores, padeiros, artesãos e curtidores de animais, eles não eram sacerdotes.
O dízimo jamais foi usado para os missionários ou para pagar as despesas do Templo. 

Embora os sacerdotes recebessem o dízimo do dízimo, eles tinham outros meios de sustento (Números 18). Quanto a Malaquias 3:8: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas”, esta passagem pertence ao Velho Testamento, ao contexto da Antiga Aliança e nunca é citada na Nova Aliança (da Igreja). 

Comparem Malaquias 2:8-10; 3:7 e 4:4 com Neemias 10:28-29 e Deuteronômio 27:26. Em Malaquias os sacerdotes tinham roubado a Deus. Especialmente em Malaquias 1:6; 2:1 e 3:3, ele se dirige aos sacerdotes desonestos. 

Estes haviam roubado os dízimos dos levitas e as melhores ofertas de Deus. Neemias 13:10 diz : “Também entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra”. 

Vemos aqui que os sacerdotes tinham roubado os dízimos dos levitas, por isso a adoração no Templo havia cessado e estes voltaram à sua terra. (Ver Neemias 13:4-13; Malaquias 1:6-14 e 2:1 a 3:7).Paulo diz em Gálatas 3:1 : “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”.

Como se não bastasse, se bisbilhotarmos os envelopes, quase sempre encontraremos a síndrome de Malaquias. Está impresso no envelopezinho, se não o texto pelo menos a referência: Malaquias 3. 

Por que não arranjam uma coisa melhor, no Novo Testamento, por exemplo? Garanto que tem: Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria (II Coríntios 9). 

Mas aí, pode não dar certo, a proposta baixa, o coração pequeno e sem as maldições, a oferta sai mixuruca e o gazofilácio não se enche! É melhor garantir os dez por cento e mais algumas ofertas: alçada, assistência, compra do som, construção, compra do título de nobreza, gratidão, primícias, propósito, missão, oferta voluntária etc. 
E lá vem Malaquias 3!

Se as promessas de Malaquias 3:10 realmente funcionasse com os cristãos da Nova Aliança, então os milhões de cristãos dizimistas pobres escapariam da pobreza, tornando-se o grupo de pessoas mais ricas deste mundo, em vez de permanecerem na pobreza. 

Na verdade só funciona exclusivamente para aqueles que recebem e que não tem nada de pobre, não precisa espiritualizar nada para entender isso, e nem precisa nascer de novo, qualquer incrédulo sabe disso!

E em Romanos 11.35,36 a palavra do Senhor à luz do Evangelho da Graça responde todas estas questões no que diz respeito a esta entrega do dízimo a Deus: 
“Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? 
Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.”

Mas, a essa altura, você me pergunta: E aí, seu sabe tudo, como se vai financiar a obra? Eu me animo a responder: Comece cortando o supérfluo na sua igreja. 

Comece dando fim naquelas enormes caixas de som e aparelhagem estridentes, que massacram os ouvidos dos mais velhos e também dos mais novos e incomodam os vizinhos. 

Economize no carro de luxo do pastor, ele precisa aprender a viver modestamente, afinal, ele tem de ser o exemplo dos fiéis, e não precisa de carro importado, nem de mansão. 

Não invista na construção de templos suntuosos, catedrais, muito menos na construção de palácios, que está virando moda agora e disputa entres denominações, porquanto Deus não habita em casa feita por mãos humanas. (Aliás, você sabe qual é o atual endereço de Deus, ou onde ele se propôs morar? Confira em João 14).

Hoje em dia, muitas pessoas dão o “dízimo” a um povo rico e bem sucedido, com pouca ou nenhuma consideração pelos realmente necessitados. O objetivo de dar tem se tornado o de receber, deveriam pelos menos obedecerem a lei do amor e no mínimo distribuir os recursos aos carentes e necessitados.

Usem de maneira mais racional os templos. O povo já está muito oprimido pelo peso da carga tributária imposta pelo governo; estão financeiramente apertados; a situação não está favorável nem paras os dizimistas fiéis, até parece que já estamos vivendo a grande tribulação!

Procure ler mais a Bíblia, procure com mais atenção zelar pela verdade contida nela, entenda de uma vez por toda que a força que deve mover a obra não está no poder do dinheiro, mas no poder do Espírito Santo. O dinheiro deve ser apenas coadjuvante. 

E quando realmente ele se fizer necessário, não precisará impor aquilo que já foi abolido, o Espírito Santo moverá o povo de Deus e as ofertas virão com abundância. De puxar de rodo! Quer ver alguns exemplos disso? Ei-los:O primeiro está no Velho Testamento (Êxodo 25, 36). 

Vou transcrever os textos:Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso (grifei), dele recebereis a minha oferta.

Esta é a oferta que dele recebereis: ouro, prata e bronze, e estofo azul e púrpura e carmesim, e linho fino, e pelos de cabra, e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de animais marinhos, e madeira de acácia, azeite para luz, especiarias para o óleo de unção, e para o incenso aromático, pedras de ônix, e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e para o peitoral.

Logo depois:... e disseram a Moisés: O povo traz muito mais do que é necessário para o serviço da obra, que o Senhor ordenou se fizesse. Então ordenou Moisés e a ordem foi proclamada no arraial, dizendo: Nenhum homem, nem mulher, faça mais obra alguma para a oferta do santuário. 

Assim o povo foi proibido de trazer mais.O apelo aqui foi ao contrário: Não tragam mais ofertas. (Lembre-se de que esse povo ainda nem havia entrado na terra prometida e tinha acabado de sair da escravidão do Egito).Ah, meu irmão, diante de coisa assim, você pode e deve pular e gritar glória e aleluia!

Outro está no Novo Testamento (Atos 2, II Coríntios 8). 
Vou transcrever os textos: Em cada alma havia temor... Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.

Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus, concedida às igrejas da Macedônia; porque no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. 
Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. 

E não somente fizeram como nós esperávamos, mas deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus. (Confesso que me arrepio todo, diante desse texto). 

Pode pular e gritar glória e aleluia, novamente!Viu, ali em cima, a frase: em cada alma havia temor? Não era o temor das maldições de Malaquias 3; nem o temor de ver o seu nome em branco ou assinalado de vermelho no quadro à entrada do templo; nem o temor de não ser convidado a subir na plataforma, no domingo à noite, para receber as honrarias de dizimista fiel; ou o de não participar do banquete de entrega do título de nobreza. 

Era o temor do Senhor. Era o Espírito Santo no coração.
Lembra de Zaqueu? 

Sim, aquele publicano rico e baixinho, que trepou numa árvore para ver o Senhor Jesus passar. Quando o Senhor Jesus entrou em sua casa e no seu coração, sabe o que ele fez? Tomou uma decisão séria, que envolvia distribuição e restituição. 

Levantou-se no meio do banquete e disse: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais (Lucas 19). Ninguém havia falado em dinheiro com ele; ninguém lhe tinha feito nenhuma promessa ou ameaça. 

Era somente o efeito do autêntico evangelho na sua vida, convertendo-o, levando-o ao arrependimento e à caridade. Naquela hora ele estava começando a ajuntar tesouros no céu, aonde não chega o ladrão, nem traça nem ferrugem corrói (Mateus 6, 19; Lucas 12).

O exemplo dos irmãos macedônios transcrito acima, de II Coríntios 8, é de tanger a alma e fazer a gente chorar de emoção. 

Dia desses estava comentando sobre o episódio com um irmão, não agüentei, chorei mesmo! 

O apóstolo Paulo tinha sido encarregado de fazer uma coleta de ofertas para socorrer os santos em Jerusalém (não os santos de barro, pois esses não precisam de nada, mas os cristãos necessitados!), que estavam passando por privações. 

Ele achou que os cristãos macedônios não tinham condições financeiras de ajudar. Enganou-se, como você viu pela leitura acima. Agora, Paulo os tomou como exemplo para as outras igrejas. 

Curioso, não? O veemente apelo não foi feito pelo pregador, mas pelos contribuintes: Deixe-nos participar! Somos pobres, é verdade, mas nós também queremos contribuir e ajudar nossos irmãos! Isso é loucura para os materialista, que nada entende da GRAÇA.

Em se tratando do dízimo, hoje ele está sendo direcionado para o líder ou para o dono da igreja, como também a cúpula de organizações religiosas, onde “ninguém” mais sabe a que fim se destina esse montante. 

Enfim, o dízimo não foi criado para assalariar o dirigente da igreja ou para prover as despesas pessoais desses, nem tão pouco para realizar obras missionárias ou para construir templos.  

A síndrome da Maluquice

Não confundir com a síndrome de Malaquias. 
As duas costumam andar juntas, mas são diferentes. Uma quer arrancar o seu dinheiro pela opressão, pela ameaça de maldição, e com um versículo bíblico bem escolhido e bem manipulado. A outra, pelo engano, pelo fetiche. 

Coisa deste tipo: o pregador arranja um objeto, como um manto, uma rosa, um troninho dourado, ou um pouquinho de terra, que ele diz ter trazido do monte Sinai, água do rio Jordão, ou sal grosso, ou uma fonte de águas que saram dentro da igreja, e diz que se você tocar neles, vai ser abençoado, curado e os seus negócios vão prosperar e você vai ficar rico, e nem cuida de alertar a você de que onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração!

E, logo em seguida, chama algumas pessoas para dar o seu testemunho confirmatório do poder desses toques. Com isso, diante do apelo dele, você lhe dá até o último centavo que tiver no bolso. 

E até o vale-transporte ou o dinheiro da passagem do ônibus você lhe entrega, e volta a pé para casa. Ou, se não tiver em espécie, você dá um cheque, ou até um cheque pré, ou passa o seu cartão de crédito na maquininha!

E isso tudo em nome do Senhor Jesus, com a bênção do apóstolo, dos bispos e dos pastores. É uma coisa meio, quero dizer, muito mágica, para não dizer, muito trágica!

Eu disse maluquice? Enganei-me: deve ser mandinga!Diante disso, Mamon fica muito feliz e aumenta a arrecadação daquela igreja e o gazofilácio se enche. 

E com esse dinheiro no bolso, o pregador pode sair por aí pregando a prosperidade e dizendo aos crentes: Vejam irmãos, como Deus está me abençoando; ali fora está a prova, o carro zero quilômetro que ele me deu! 

E você vai lá fora conferir e, de fato, bem ao lado do seu fusca 68






 está a reluzente BMW dele! 


Aleluia! Oh, glória! Ele grita...


E... você... fica triste e frustrado! 

Não se preocupe. 
Não foi propriamente uma bênção de Deus. 
Foi com o dinheiro que ele arrecadou dos irmãos, de maneira apelativa e até com ameaça de maldições, que ele comprou aquele carrão!